Reflexão
sobre biocombustíveis
Membro do IPCC faz
observações sobre emissão de óxido nitroso, poderoso gás de efeito estufa
O diretor do Laboratório de Sistemas
Terra-Solar no Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR), em Boulder,
Colorado (EUA), dr.Guy Brasseur, tem dúvidas sobre a eficácia da proliferação
dos biocombustíveis, como o etanol, como instrumento para combater o
aquecimento global.
Entre outros fatores, cita a possibilidade de
incremento da emissão de óxido nitroso (N2O), em função do aumento do uso de
fertilizantes de nitrogênio em culturas destinadas a biocombustíveis.
O óxido nitroso é um dos gases que contribuem
para agravar o efeito estufa, apresentando um potencial de absorver energia
derivada da radiação infravermelha em cerca de 230 vezes do que o do dióxido de
carbono (CO2).
Portanto, apesar de ser emitido em menor
quantidade, o óxido nitroso - também empregado em processos industriais - tem
impacto no aquecimento global comparativamente maior do que o dióxido de
carbono, considerando o potencial de absorção de energia. A dissipação do N2O é
realizada pela luz ultravioleta estratosférica, em processo que pode demorar
cerca de 150 anos.
As observações do sr.Guy Brasseur foram
feitasno dia3 de maio, na abertura do painel sobre aquecimento global,
promovido no Espaço Cultural CPFL, em Campinas (SP) (veja as informações sobre o painel). Brasseur integra o Grupo de Trabalho I do
IPCC.
Ele defende a continuidade de pesquisas sobre
etanol, outros combustíveis e fontes renováveis de energia, para que sejam
tomadas decisões, em termos de políticas públicas, com base em conhecimentos
científicos consistentes.
O cientista destacou, de fato, a necessidade
de maior diálogo e entendimento entre a comunidade científica e os governantes,
no sentido de criar um sistema de tomada de decisões diante das mudanças
climáticas. "Os legisladores e governantes precisam tomar consciência de
que algumas decisões são de longo prazo, ultrapassando o tempo dos seus
mandatos", destacou.
Brasseur salientou ainda que as metas
previstas no Protocolo de Kyoto não são suficientes diante das exigências de
adaptação e mitigação derivadas das mudanças climáticas. Entretanto, considera
importantes novas negociações, considerando o período pós-Kyoto, e destaca a
relevância do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) para promover projetos
que contribuem para o desenvolvimento sustentável, em benefício principalmente
dos países em desenvolvimento.
E reiterou a importância que o sistema
educacional e os meios de comunicação têm na popularização do debate sobre o
aquecimento global, em função das necessárias mudanças culturais em face das
alterações climáticas.
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