terça-feira, 4 de setembro de 2012

Reflexões sobre biocombustíveis


Reflexão sobre biocombustíveis


Membro do IPCC faz observações sobre emissão de óxido nitroso, poderoso gás de efeito estufa
O diretor do Laboratório de Sistemas Terra-Solar no Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica (NCAR), em Boulder, Colorado (EUA), dr.Guy Brasseur, tem dúvidas sobre a eficácia da proliferação dos biocombustíveis, como o etanol, como instrumento para combater o aquecimento global.
Entre outros fatores, cita a possibilidade de incremento da emissão de óxido nitroso (N2O), em função do aumento do uso de fertilizantes de nitrogênio em culturas destinadas a biocombustíveis.
O óxido nitroso é um dos gases que contribuem para agravar o efeito estufa, apresentando um potencial de absorver energia derivada da radiação infravermelha em cerca de 230 vezes do que o do dióxido de carbono (CO2).
Portanto, apesar de ser emitido em menor quantidade, o óxido nitroso - também empregado em processos industriais - tem impacto no aquecimento global comparativamente maior do que o dióxido de carbono, considerando o potencial de absorção de energia. A dissipação do N2O é realizada pela luz ultravioleta estratosférica, em processo que pode demorar cerca de 150 anos.
As observações do sr.Guy Brasseur foram feitasno dia3 de maio, na abertura do painel sobre aquecimento global, promovido no Espaço Cultural CPFL, em Campinas (SP) (veja as informações sobre o painel). Brasseur integra o Grupo de Trabalho I do IPCC.
Ele defende a continuidade de pesquisas sobre etanol, outros combustíveis e fontes renováveis de energia, para que sejam tomadas decisões, em termos de políticas públicas, com base em conhecimentos científicos consistentes.
O cientista destacou, de fato, a necessidade de maior diálogo e entendimento entre a comunidade científica e os governantes, no sentido de criar um sistema de tomada de decisões diante das mudanças climáticas. "Os legisladores e governantes precisam tomar consciência de que algumas decisões são de longo prazo, ultrapassando o tempo dos seus mandatos", destacou.
Brasseur salientou ainda que as metas previstas no Protocolo de Kyoto não são suficientes diante das exigências de adaptação e mitigação derivadas das mudanças climáticas. Entretanto, considera importantes novas negociações, considerando o período pós-Kyoto, e destaca a relevância do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo) para promover projetos que contribuem para o desenvolvimento sustentável, em benefício principalmente dos países em desenvolvimento.
E reiterou a importância que o sistema educacional e os meios de comunicação têm na popularização do debate sobre o aquecimento global, em função das necessárias mudanças culturais em face das alterações climáticas.

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